Baladas se revezam com balanço, neste disco altamente dançante – com a diferença de que os acordes não brigam para sufocar o que as palavras têm pra dizer. É natural que a gente pense: deve estar feliz, muito feliz, esta moça. Ela não se acanha em dizer que a felicidade agora desfrutada – e transportada para a música – é uma das facetas de sua maturidade. Quer dizer: ser feliz é também um aprendizado.
Paula Fernandes resolveu se dar o direito. Menino Bonito, por exemplo, é tão autobiográfico que Paula Fernandes até caprichou no sotaque de Minas Gerais.A incursão ecológica dela em Água no Bico – a canção que mais se aproxima do sertanejo dos clássicos – alerta que “a natureza é passiva/ mas cobra em algum momento”, mas, de novo aí, Paula Fernandes traz para a música o vigor de sua sinceridade madura. “Narrei uma realidade, mas não quero dar lição de moral”, explica.E ao revisitar, com encantamento de criança, Meu Pedaço de Chão, conseguiu entoar uma saudade que é um lamento sem se deixar paralisar, contudo, pela nostalgia. Almir Satter, “companheiro de estrada”, acompanha Paula Fernandes no retorno ao ranchinho onde “cantando estrelas/sonhava em tê-las/na palma da mão”.
Doze canções nos esperam. Com o convite irresistível de que a gente também possa amanhecer com elas. Como canta Paula Fernandes: “a vida é bela para quem sabe sonhar”.