Martinho da Vilasubiu no palco do Lapa 40 Graus pra mais um belíssimo show. O cantor de 77 anos relembrou grandes sucessos que ainda hoje são canções obrigatórias nas boas rodas de samba.
Martinho surgiu para o grande público no III Festival da Record, em 1967, quando concorreu com a música “Menina Moça”. O sucesso veio no ano seguinte, na quarta edição do mesmo festival, lançando a canção “Casa de Bamba”, um dos clássicos de Martinho. O primeiro álbum, lançado em 1969, intitulado Martinho da Vila, já demonstrava a extensão de seu talento como compositor e músico, incluindo, além de “Casa de Bamba”, obras-primas como “O Pequeno Burguês”, “Quem é Do Mar Não Enjoa” e “Prá Que Dinheiro” entre outras menos populares como “Brasil Mulato”, “Amor Pra que Nasceu” e “Tom Maior”.
Logo tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no Brasil, sendo o segundo sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias com o CD Tá Delícia, Tá Gostoso lançado em 1995 (o primeiro foi Agepê, que em 1984 vendeu um milhão e meio de cópias com seu disco Mistura Brasileira).
Apaixonado pela escola de samba Unidos de Vila Isabel, Martinho é um legítimo representante da MPB e compositor eclético, tendo trabalhado com aspectos da cultura brasileira e criado músicas dos mais variados ritmos brasileiros, tais como ciranda, frevo, samba de roda, capoeira, bossa nova, calango, samba-enredo, toada e sambas africanos. O espírito de pesquisador incansável viaja desde o disco O Canto das Lavadeiras, baseado na cultura brasileira, lançado em 1989, até o mais recente trabalho Lusofonia, lançado no início de 2000, reunindo canções de todos os países de língua portuguesa. Em setembro de 2000 concretizou, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos projetos mais cultuados: a apresentação do Concerto Negro.
Idealizado por Martinho e pelo maestro Leonardo Bruno, o espetáculo enfoca a participação da cultura negra na música erudita. Para cuidar das diversas atividades, criou o Grupo Empresarial ZFM abrindo as portas para sambistas com um selo musical e inaugurando sua própria editora, com o primeiro romance “Joana e Joanes”
Martinho da Vila é merecedor de todo o reconhecimento no meio artístico. A herança que ficará pelos seus mais de 45 anos de carreira é incalculável e somos privilegiados por acompanhar sua trajetória que ainda terá muitos capítulos pela frente.